sábado, 9 de março de 2013

A Fossa rumo Santa Catarina

Olá a todos!

Faz um tempinho que devo essa postagem aqui, afinal de contas, tem quase 20 dias que fiz essa jornada, e quiçá alguma coisa deva se perder em minha cabeça. Mas pra escrever aqui, tem que ter inspiração, coisa que não tinha a dias! (correria de doc, achar lugar pra morar... enfim, temas externos ao Fossa na Estrada)

Começando... Essa viagem de certa maneira é um marco pra mim, pois eu novamente estava de mudança, pra uma vida nova, conhecer pessoas novas, em outra cidade, e claro, iria tomar estradas nunca antes percorridas! Esse ano irei perambular por um novo estado, com novas paisagens e novas aventuras! (poutz, tô usando muitos "novos e novas" nesse parágrafo, mas acho que a sensação de mudança é essa mesmo - novo!). Todavia, é de mim que estou falando, ou seja, tal transição iria se dar de maneira dolorida. E assim o foi...

O princípio disso foi antes mesmo da jornada começar. Um dia antes, eu fui a Apucarana (aaahhh Apucarana), pois queria me despedir do Artur e família, rever o pessoal por lá, além de já começar a viagem pela BR. Contudo, antes de sair eu esqueci de fechar um dos bolsos de minha mochila, além de não tê-la amarrado direito em Luciralda, daí em Arapongas (meio do caminho), percebi a me$%¨$#, parei, e vi que o meu HD externo não estava mais lá (ainda bem que, na ínfima possibilidade daquilo ter sobrevivido a queda e tráfegos de caminhões, não haviam fotos / videos comprometedoras de minha parte, hehehe). Com isso perdi uns papers importantes, e umas fotos que nunca mais vou rever (p. ex. as da minha colação de grau). Em Apucarana, já cheguei a noite, e não fiquei muito, já partindo no outro dia de manhã cedinho (segue abaixo uma foto minha com o Artur fardado! hehehe).


Parti de Apucarana as 09:00h, e fui por um trecho de estrada espetacular em Mauá da Serra! Cheio de curvas e descendo a serra, pena que não dava pra parar e tirar fotos, por falta de acostamento. Mas pouco depois a desgracera já ia de começar... Sabe-se lá o que se passou nessa minha cabeça estúpida, de sair de uma estrada duplicada, e já sabendo que era só pegar reto até Curitiba, e entrar numa estradinha mixuruca, simples e cheio de carros! Por que fui pensar que Faxinal era a meio caminho de Curitiba? Por que meu deus? Por que Izaque??? Fui perceber muito depois que isso iria dar em me#%¨$¨, e fiz a volta. Resultado, um desvio de 35km de meu caminho...

Claro, como diz o grande artista Rei do Cabaré "é pra doer!!! é pra torturaaaarrr!" (quem quiser ouvir, me peça que eu passo tamanha pérola), não parou por aí. uns 200km adiante, já pertinho de Ponta Grossa, eu paro num posto pra abastecer, e... começa a chover feio - Pingos Grossos e chuva rente. Fico então parado esperando. Até que chega um outro indivíduo, assim como eu - de moto e cheio de coisas amarradas, mas indo em sentido contrário ao meu e logo começamos a conversar. Era o Zé Firmino ("Bicho Bruto!"), e estava indo pra... pra... errr, huh... não lembro o nome da cidade dele, mas era no Mato Grosso, e ficava a 500km de Cuiabá, sentido a Goiás. Por ironia do destino, ele estava vindo de Florianópolis! Trabalhava como garçom na alta temporada, e estava voltando pra casa (ou seja, nem cheguei na cidade, e já fiz os contatos mais decentes possíveis! hihihi). O caba ia viajar por mais 2 dias numa CGzinha até chegar no destino dele. Havia perguntado quanto tempo ele viajou até ali, e ele me disse que umas 6 horas, e indo de boa. Muito isso me alegrou, pois chegaria ainda de dia em Floripa.


Mais ou menos uma hora e meia depois, parado lá e papeando com o Zé, a chuva para de cair, e no horizonte o céu se abriu lindamente. Ainda desconfiado espero uns 10 min, e a nada de chuva. Então resolvemos partir - cada um pro seu destino - com a promessa de tomar uma cerva (free) nesse verão! E claro, depois do papo, a dor voltaria. 5.1km depois, começa a chover!!! PQP, DE ONDE TAVA VINDO AQUELE HORROR DE ÁGUA????? Não tava entendendo, o horizonte o céu tava limpo, e olhei pro retrovisor, o céu atrás de mim estava limpo também, e onde infernos vinha aquela água? 20 km depois acho um posto pra parar, e daí me enxugo, tiro os 2L de água da bota, e dou um suspiro que as minhas roupas na mochila não estavam (tão) enxarcadas. E então analiso a situação... sem nuvens atrás de mim, sem nuvens na minha frente. Daí olho pra cima...Uma nuvem preta dos cão, despejando todo o rancor bem na minha cabeça! Não acreditei! Era pain demais, até pra um fosseiro de vida como eu! Esperei mais umas meia hora, e a chuva deu trégua. Uns 30km adiante, cheguei na parte sem nuvens que tanto via a minha frente, resolvi parar e registrar esse contraste, pra que ninguém duvide de minhas palavras:

(Frente)

(Trás)

Bem, pensei eu, inocentemente que tudo que era porcaria já teria acontecido, e que depois seria só alegria. 
Mas claro, foi começando as tosquices - tinha um Tucson Pretodo Mal, de São José dos Pinhais, que depois da chuva, sempre vinha me seguindo. Era incrível! Eu deixava ele passar sempre, mas do nada, ele parava, e quando olhava no retrovisor, LÁ ESTAVA ELE! Era muito macabro aquilo. E quando ele passava, ele demorava pra ir embora, ficava ali na minha frente, com aqueles farões de olhares do mau! Foi assim até chegar em Curitiba!

Nossa, em Curitiba, fui o caminho empolgado em chegar na região de serra, que fica na divisa entre os estados, pra distrair a cabeça das dores da viagem. Doce ilusão! Logo que chego na BR 101, um trânsito miserável! 35km de trânsito parado! Obras de pista de m$#%#$!!! E pior, essa estrada só tinha caminhão!  Era muito, mas muito, muito caminhão! Mais caminhão que carro (acho que a galera esperta do carro deve pegar outra estrada, pois os carros que tinham, a grande parte tinham placas estrangeiras - ARG, URU e PY). Desviando os caminhões, aquele bafo e calor que exala deles, acabou me secando todo (e como disse, eu havia enxarcado muito antes), acabei ficando perito em cortar os carros no trânsito!

Mas a "cereja do bolo da fossa" ainda estava por vir. Percebo que Luciralda estava com estabilidade zero, então resolvo parar, pra tirar umas fotos (inclusive a do tráfego de caminhões, pra mostrar pros senhores), e vejo que... o pneu traseiro FUROU! Estava eu, no meio do trânsito, e com o pneu furado! Penso então em rumar a 20km sentado no tanque até um posto, e tentar achar um borracheiro, aaahhh essa doce ilusão! Não se tem como conduzir uma Shadow com pneu furado. Andei 1km, e vi que se continuasse, iria ralar no asfalto. Paro em frente a uma obra, e peço ajuda ao segurança, e logo me indica o tel da concessionária da estrada! Pela primeira vez fiquei feliz em ter pago pedágio em minha vida! Ligo e logo chega um guincho. O cara mais mal humorado da vida. Logo diz: posso te deixar na borracharia, mas se tiver fechado, vais ficar na divisa do estado. Pergunto se não teria um posto por perto, pra testarmos um pneu, mas ele logo diz: "se for pro posto, fica lá". Resolvo tentar o borracheiro. 

E lá se vai o meu desejo de cruzar a serra com Luciralda. O faço dentro de uma cabinezinha de um guincho, numas cadeirinhas que parecem acento de Setusa. Cenário fodástico, de nuvens nas montanhas, mas situação broxante.

E assim começa a dor. Paramos num borracheiro. O cara olha pra moto, chama um segundo elemento, que chama um terceiro, que olha, e olha , e olha.... 3 minutos olhando só pra dizer "troco isso não". Então o cara do guincho diz que tem mais um outro por perto. E lá fomos... borracharia bonitinha! Tinha uma roda d'água na frente! Mas o cara olha, e logo diz que não troca! Penso: "fudeu! vou dormir num posto da PFR da fronteira. Então converso com um cara, pergunto se não há uma cidadezinha por perto. Ele  para, fala algma coisa pelo rádio, e diz: "cara, não costumo fazer isso, mas fui com tua cara! Vou te deixar na cidadezinha deposi da fronteira. Lá tem uma borracharia decente..." dito e feito. Uma hora depois, ele me deixa lá, e tem um santo borracheiro salvador, que conserta (e sem cobrar caro!). Daí peguei a estrada direto, e cheguei finalmente em Florianópolis! (pretendia chegar lpa as 17h, chego as 22h).

Ah! E pra ter uma last pain. Antes de chegar na casa do Luiz Fernando (meu host aqui em Floripa, fiquei uns dias na casa dele, e nos conhecemos pelo Couch Surfing), eu peguei uma rua errada, e entrei numa becada com o asfalto sujo de areia e cascalho, resultado = fui parar na chón! Cheguei na casa dele atrasado, ferido, queimado (de sol), sujo e faminto... e fui deveras bem recebido na casa dele! Que pessoas espetaculares, o Luiz (um irmão e companheiro de Heineken que ganhei aqui), a Clarissa (gente hiper, mega, espetacularmente fina!) e o Victor (que fez o melhor macarrão de Floripa! hahaha).

Já falei demais por hoje. Segue abaixo algumas fotitas, o recorrido a a música do dia!

E ah! Passarei um tempo de molho, mas esse ano estive discutindo umas ideias de destinos, viagens e interação com vocês leitores com a Renata Valentini, vai vir coisa bacana por aí (bem provável que vocês escolham isso, mas os manterei informados).

adioz.........

Trânsito de Caminhões

Pneu furado (joguei fora a p. do prego!)

Fim de tarde na Borracharia

Cena Horrível de Luciralda!

Cena fora do contexto - Raditz (a gata daqui), participando do novo post, hehehe

Recorrido (sem o desvio)
http://goo.gl/maps/CAM0I

Música do dia: Molly Hatchet - One Last Ride
http://www.youtube.com/watch?v=xZbAY1kqq00